E se ele telefonasse e lhe perguntasse? Mas se usasse a linha do motel ela não atenderia porque não reconhecia o número. E se ligasse do telemóvel? Não. Eles tinham combindo que nunca o fariam, por que os seus telefones eram conhecidos dos respectivos consortes, a Mariana e o Luís. Mas, de facto, para quem tem apenas duas horas, perder quase meia é frustante.
É castigo divino por nenhum deles merecer isto, pensou. Mas foi ela que sugeriu o encontro. Logo ela, que era a melhor amiga da Mariana. Claro que ele também gostava do Luís. Que fazer? Ele tinha-se apaixonado por Lúcia e era correspondido.
Mas era importante conhecerem-se fisicamente, porque uns beijos roubados em escadas ou corredores não são garantias de coisa alguma.
Já passavam três quartos de hora quando João resolveu arriscar e ligou para a recepção a saber se havia alguma mensagem para o seu quarto. Que não, que não havia, respondera o recepcionista. Tentou o telemóvel. Estava desligado.
Ao fim de uma hora resolveu voltar a vestir-se. Saíu e dirigiu-se ao local onde deveria pagar a conta. Mas de repente, ao fechar a porta do quarto, escassos passos andados, reconheceu a voz de Mariana e, segundos depois, a de Luís. Foi um impasse. Um silêncio mortal. O elevador chegou e eles tomaram-no. Mas nunca chegaram a falar sobre o assunto. Mesmo quando já estavam divorciados!
Helena
"reconheceu a voz de Mariana e, segundos depois, a de João".
ResponderEliminarA de João ou de Luis?
De qualquer modo parece-me que o que interessa mesmo é que todos temos "assuntos" sobre os quais nunca chegamos a falar.
Beijinhos
Tété minha cara.
ResponderEliminarClaro que era Luís. Bem haja!