segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os números...

No princípio quando Deus criou o mundo, as pessoas que o habitavam sentiam que lhes faltava qualquer coisa. Metade dessa gente pensava que lhes fazia falta terem letras para se poderem exprimir. A outra metade entendia que antes das letras, havia que criar os números, porque eles seriam os instrumentos mais necessários à rude tarefa da sobrevivência. Por isso, foram os algarismos que primeiro haviam de surgir.
O zero, essa bola redonda, nasceu do vazio das mentes de então. É que, face à tarefa, se sentiram impotentes. Mas, um dia, um dos nossos antepassados levantou-se e clamou que era preciso trabalhar. Assim, com ele na vertical, o homem que era criativo, fez nascer o um, à sua imagem e semelhança. E foi um alívio.
Mas o outro grupo, invejoso, considerou que era preciso continuar a a inventar. E, quando ia sentar-se, lembrou-se que entre a posição de deitado e a de pé, havia outra em que apenas as costas se vergavam. Foi assim que nasceu o dois, um número de dorso arqueado.
Mas tudo isto era pouco para aqueles que criticavam tudo. E o três vai nascer, afinal, do grupo dos redondos, mais não sendo que dois vazios abertos e colocados em cima um do outro.
Logo o primeiro grupo começou a brincar com o pauzinho do um e foram-no cortando aos bocadinhos. Arrumaram os bocadinhos com imaginação e deram vida ao robusto quatro.
Os outros começaram a arredondar o três e a usar também o pauzinho do um, acabando por inventar o cinco.
A partir dessa altura, a luta tornou-se renhida entre os partidários das bolas e os partidários dos paus. Ficara incontroláveis e a multiplicar-se numa mistura das duas formas. E veio o seis e o sete. De um lado e do outro. Seguiu-se-lhes o oito que mais não é que o três fechado, sem qualquer porta para a liberdade. E logo alguém se lembrou de o deitar e inventar um novo conceito. Surge, assim, o infinito.
Sem descanso os redondos insistiam em abrir-se e surgiu o nove que no fundo é um seis que se pôs a descansar de pernas para o ar. Aí Deus interveio e disse basta, deixando-os entregues a si próprios.
Ninguem mais os parou numa miscenização numérica total. Vieram os dois digitos, os três digitos, enfim, a multiplicidade deles nunca mais deixou de se expandir...
Até que um dia alguém, sabendo que o espaço dos números era escasso, se lembrou de criar um harem numérico e, para o não ser invejado, criou as potências matemáticas. Assim já lhe era possível ter um património numérico enorme, sem que a maioria se apercebesse. A partir de então, os números ficaram à solta. Para todas as utilizações.
O Senhor que não gostou desta evolução, separou-os. E foi-os distribuindo pelo Universo. Hoje, não há sítio onde não estejam. Infelizmente, ainda nem todos os conhecem.

Helena

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