Susana era uma mulher livre. Dez anos como hospedeira de longo curso fizeram dela uma pessoa com mundo, com interesses e com perspicácia.
Sabia que a carreira tinha duração limitada e que quando as primeiras rugas ou sinais de cansaço aparecessem, o seu destino seria a terra. Não aquela que a havia de comer, mas sim de um balcão a atender clientes que lhe iriam fazer sempre as mesmas perguntas.
Por tudo isto, queria chegar depressa a chefe de cabina, pois sabia que seria nos frequentadores masculinos da classe executiva que o seu destino se poderia jogar.
Assim nunca se fez rogada a jogos de cintura ou de corpo para atingir o topo da carreira antes de tempo. Um sorriso ao Comandante ou uma réplica mais ousada levaram-na ao director que decidiria - e bem - da sua promoção.
Ei-la com vinte e nove anos, num voo para os Estados Unidos da América. O segundo passageiro a entrar, entregou-lhe o sobretudo de cachemira. A ela pareceu-lhe o protótipo adequado. Não usava aliança e falava um inglês quase perfeito. O tipo físico lembrava o de um egípcio, mas a tez era mais clara.
Levou-lhe o champagne e perguntou-lhe se desejava algo mais. "Por enquanto não", foi a resposta. Mais tarde sim. Talvez você. Tudo expresso com a maior seriedade, sem que um músculo do rosto se movesse.
Nada mais se passou. Nada mais foi pedido. A bela hospedeira bem circulava. Mas nada. Nem reacção.
Quando aterraram e ela lhe ia devolver o casaco ele entregou-lhe um cartão de visita e foi-se embora. No dito estava um nome em caracteres que não conhecia e um nome em inglês do outro lado, onde, à mão estava escrita uma morada.
Susana, já fardada, hesitava. Deveria ir para casa ou dirigir-se ao que pensava ser um hotel? Tardou uns minutos e decidiu-se pela última hipótese. Era um hotel de luxo.
Quando se preparava para, na recepção, indagar pelo cavalheiro, um dos boys do bar veio ter com ela para lhe dizer que a esperavam no bar.
Foi uma noite esplêndida. Apenas interrompida, às cinco da manhã, pela polícia que irrompeu pelo quarto e o levou preso. Era um traficante de carne branca há muito procurado pela polícia...
Não foi nada fácil convencer as autoridades que ela fora, apenas, a companhia de uma noite. E quando o conseguiu, estava colocada como hospedeira de terra!
Helena
Helenamiga
ResponderEliminarPoizé, há polícias capazes de tudo, até de estragar uma noite esplêndida às cinco da manhã; ele há coisas...
Entretanto, aviso-a de que Hjtksdt ywsqjhr mjvnzxc (*)
(*) Na Travessa há extraterrestres
Qjs