O Pedro era o que se chama de um jovem bem apessoado. Nem bonito nem feio. Mas com uma enorme capacidade de chamar a atenção dos outros sobre si.
Como dizer? Nada do que fazia era extraordinário, mas tudo era visto como algo especial. Enfim, na prática conseguia tornar grandes as pequenas coisas. E julgava que sabia como se aproveitar disso...
Não teria uma especial vocação para o casamento, mas desconfiava que seria através dele que mais facilmente poderia alcançar um upgrading social.
Com efeito, considerava trabalhar como uma opção penível. Por isso, tinha já algumas pistas sentimentais bem estudadas para o efeito.
Na calha encontravam-se duas irmãs, filhas do Comendador Silva, que cumpriam à risca os seus desidérios. O problema era mesmo qual delas escolher.
Clara era bonita, mas não devia muito à inteligência. O que até podia ser, para ele, um benefício, pensava. Assim seria mais fácil controla-la.
Ana não era feia. Mas não tinha nada da graciosidade da irmã. Todavia, e em contrapartida, era a eleita do pai para a administração dos negócios. O que, para Pedro, era um factor importante.
Lá bem no fundo perseguia o sonho de todos os homens, que seria poder ter as duas e ficar com a administração do património do Comendador. Esta, sim, seria a situação ideal...
O tempo corria e Pedro não se resolvia. Cortejava ambas, crendo que uma não saberia da outra. Até que, um dia, ambas o chamaram para lhe fazerem a proposta de viverem os três.
Pedro não queria acreditar no que ouvia da boca das filhas do Comendador Silva, que ele sempre julgara prendadas e sérias.
Então elas explicaram-lhe que o Pai havia decidido que a primeira a constituir família seria a que ficaria a administrar os seus bens. Ora elas não queriam ter de escolher, nem contestar a decisão paterna. Assim, ficando ambas com o mesmo homem, o pai seria confrontado com uma situação em problema não se poria.
Pedro não estava preparado para aquela proposta de bigamia de "pegar ou largar". Tentou, por isso, negociar e encontrar uma solução alternativa. Mas não era fácil.
Quando, finalmente, percebeu que ou seria assim ou não seria nada, e se propôs aceitar a situação, um inoportuno AVC matou o velho Comendador, devolvendo às filhas a liberdade de não acatarem a decisão paterna. E com ela, a de prescindirem de Pedro... que, deste modo, e mais uma vez, foi o protagonista de uma "estória" banal que se tornou especial!
Helena
Helenamiga
ResponderEliminarSão as estórias banais que, as mais das vezes, se tornam especiais. Se quiser fazer o favor de ir até à minha Travessa que se tornará também sua, vai encontrar banais que chegam, como se dizia em Angola.
Já no Pulhitica as coisas são diferentes. Penso eu «de que»... Também lá pode ir. Não paga (ainda) IVA a 23%. Nem a aconselho a emigrar para a estranja...
Qjs
Meu caro amigo
ResponderEliminarOs títulos são sugestivos e vou lá espreitar. Depois lhe direi como correu a visita.
Queijo=abreijo