Quanto tempo se escreveram? Nem eles próprios já sabiam.
A sua história começou na blogosfera, para ser mais explícita no Facebook. Não acredita? Mas é a mais pura das verdades.
Joana saíra magoada de uma relação. Para usar terminologia vulgar, fora "trocada". A expressão não é feliz, mas corresponde mais ou menos à realidade. Por isso fechara-se em casa sem vontade para ver ninguém.
Um dia uma amiga disse-lhe que fosse aos seus amigos do Face e escolhesse um, cujo perfil lhe agradasse e lhe deixasse uma pequena mensagem. Ao menos, podia conversar sem se preocupar, ocupando a mente e fazendo a catarse do insucesso amoroso.
Não deixou contudo de a avisar que se não fiasse nos rostos que às vezes nem sequer correspondiam à realidade. E foi assim que tudo começou com o João, ele também saído de uma ligação que não correra bem.
Começaram a escrever-se. E a entender-se. Passaram da rede social ao e.mail e deste ao telefone. Criou-se, deste modo, um laço cuja caracterização era difícil de definir.
Faltava o passo final de se encontrarem. Curiosamente, embora falassem disso, nenhum parecia verdadeiramente interessado em o dar.
Os meses correram ligeiros. Joana parecia encaminhar-se para a cura e João também. Habituaram-se um ao outro. E às longas noites a conversar. No fundo, começavam e terminavam o dia juntos.
A mesma amiga que a estimulara antes, dizia-lhe agora que deviam conhecer-se. Joana deu-lhe razão e fez a proposta de João vir a sua casa beber um café.
Combinado o encontro chegou o dia. E com ele a surpresa.
Quando se sentou na sala João pareceu incomodado. E minutos depois perguntou de chofre a Joana quem era o homem que estava na foto da mesa da sala.
- o meu ex-marido, respondeu ela
- o malandro que me roubou a mulher, retorquiu ele
O silêncio foi pesado. Mas durou apenas os segundos que levaram João a sair da sala...
Helena
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