Conheceram-se nos anos sessenta, em rescaldo de duas separações sentimentais. Ele intelectual artista, utópico, culto, sedutor, oriundo do Algarve. Ela, jurista, actualizada, excelente profissional, defensora dos direitos do género, pragmática, oriunda do Norte.
Militantes ambos de movimentos juvenis, sonhavam alto e eram conhecidos no meio cultural burguês onde tinham nascido. Um de esquerda, como convinha a um utopista. Outro de direita, realista, como convinha a quem se serve da lei para distribuir a justiça.
Nada parecia aproxima-los, a não ser o sentimento de orfandade que, por norma, acompanha as rupturas emocionais. Mas ambos se apaixonaram. Não um pelo outro, mas sim pelo retrato que cada um fazia do outro.
Ela já a trabalhar, era o sustento da casa. Ele a preparar um doutoramento, só pensava na tese que defenderia brilhantemente. Sem filhos foram, durante uns anos, o modelo dos seus pares.
Ela já a trabalhar, era o sustento da casa. Ele a preparar um doutoramento, só pensava na tese que defenderia brilhantemente. Sem filhos foram, durante uns anos, o modelo dos seus pares.
Até que, um dia surgiu um convite para que o artista expusesse numa galeria de New York. Irrecusável, claro. Ele foi. Ela ficou. À espera que, terminado o evento, ele voltasse. Não voltou. Nem sequer para o divórcio que a deixou numa depressão que só um internamento hospitalar conseguiu debelar.
Ela, a forte e pragmática, perdera-se na fragilidade dele. Ele refizera-se nos braços de outra mulher, noutro país, noutro mundo.
De vez em quando chegavam-lhe notícias de uma carreira revolucionária que iniciada aqui acabaria por desenvolver já longe. Depois a notícia, de contornos confusos, que havia sido preso. Nada mais.
Os anos passaram, as notícias desapareceram. E, numa tarde de Dezembro, na véspera de Natal, alguém bateu à porta. Sem prendas ou ar festivo, um jovem que aparentava ter vinte anos, apareceu. Para lhe entregar um embrulho que, pediu, abrisse na sua presença. Era um monte de cartas dela e uma aliança enroladas numa fita vermelha.
Incrédula, olhou para o portador que, num precário português, lhe disse que era filho do destinatário das missivas. A mãe e o pai haviam desaparecido. E ele vinha cumprir o desejo deste último...
Ela, a forte e pragmática, perdera-se na fragilidade dele. Ele refizera-se nos braços de outra mulher, noutro país, noutro mundo.
De vez em quando chegavam-lhe notícias de uma carreira revolucionária que iniciada aqui acabaria por desenvolver já longe. Depois a notícia, de contornos confusos, que havia sido preso. Nada mais.
Os anos passaram, as notícias desapareceram. E, numa tarde de Dezembro, na véspera de Natal, alguém bateu à porta. Sem prendas ou ar festivo, um jovem que aparentava ter vinte anos, apareceu. Para lhe entregar um embrulho que, pediu, abrisse na sua presença. Era um monte de cartas dela e uma aliança enroladas numa fita vermelha.
Incrédula, olhou para o portador que, num precário português, lhe disse que era filho do destinatário das missivas. A mãe e o pai haviam desaparecido. E ele vinha cumprir o desejo deste último...
Como a história não se escreve e o futuro não se adivinha, hoje são grandes amigos!
Helena
Please keep writing here....
ResponderEliminarThank you,
Catia