"Faz favor de entrar Senhora D. Isabel" disse Ana, a empregada.
O casal levantou-se e dirigiu-se para a sala do médico. Foi nesta ocasião que uma das raparigas contou à outra a história que se segue.
O casal era apenas mãe e filho. A senhora tinha oitenta e quatro anos. Ficara viuva há uma década de um marido que, não sendo propriamente despótico, nunca a deixara ser quem era, mas sim e apenas, quem ele queria que ela fosse. Desse casamento haviam nascido três filhos. E destes uma meia dúzia de netos.
Passados dois anos sobre a morte do marido, portanto com setenta e seis anos, decidiu reunir filhos e netos para lhes anunciar que encontrara alguem que considerava especial e que tomara a decisão de viver esse encontro da melhor maneira, ou seja conforme as regras que ambos estabelecessem. Os filhos, atónitos, nem reagiram.
Mas Isabel ali estava para provar a inteligência da sua opção. Que vivia, encontrando-se com o homem que amava, todos os fins de semana, num hotel. Juntavam-se à sexta feira ao fim da tarde e separavam-se no Domingo, à mesma hora.
E, para celebrar o encontro, todos os anos faziam uma viagem romântica ao estrangeiro, aos locais que desejavam visitar em conjunto.
Resta acrescentar que o protagonista masculino deste romance, igualmente viúvo tinha, quando a encontrou, setenta e dois anos, portanto menos quatro do que Isabel. Ambos eram pessoas cultas, interessantes e com formação universitária.
Vai para nove anos que este "amor" se mantém e, diziam as jovens, nada parecia abalar o que ambos sentem um pelo outro!
Quando saí do consultório quem estava surpreendida era eu. Porquê? Porque conheço, felizmente, alguns casos como este. Mas a solução aqui encontrada é que, reconheço, é verdadeiramente surprendente!
Helena
Helena
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