sábado, 21 de janeiro de 2012

Amor não olha idade


Era velha. Sem o ser. Era-o na idade, no cartão de cidadão, nos netos que já tinha, na caminhada que fizera.
Mas era uma jovem na atenção com que olhava o mundo à sua volta, nas transformações por que passara, nas paixões que ainda despertava. Não, não eram paixões físicas, de posse ou de desejo. Eram paixões mais fundas, de encantamento, de dependência intelectual.
Teresa tinha sessenta anos biológicos. Mas o aspecto e a fogosidade de uma mulher de trinta, que já vivera o suficiente para destrinçar o que valia e o que não valia a pena. Era, enfim, e ainda, uma mulher de fascínio.
Foi assim que Alexandre a viu e foi por ela que se apaixonou. Entre ambos uma pequena diferença de catorze anos... Nada com que ambos parecessem incomodar-se.
Incomodada sim, ficou toda a família, quando Cecília os surpreendeu com a notícia de que tencionava casar-se. Tencionava e fe-lo mesmo.
Enquanto durou foi bom. Curiosamente foi essa diferença etária que fez com que se completassem. Ela mais madura, não cedendo à primeira dificuldade. Ele apoiando-se na força dela. Ambos querendo e desejando que aquilo que os unia saísse reforçado.
Algum sentiu medo? Nunca saberemos. O certo é que aquele enlace durou dezasseis bons anos e só terminou quando, inesperadamente, numa noite Alexandre morreu.
A lição que se pode tirar é que não vale a pena desistir de viver por medo da própria vida. Ou das suas convenções, o que vem dar ao mesmo...

Helena

4 comentários:

  1. 14 anos de diferença...coisa pouca. Quando as pessoas têm muito em comum, a química existe e o amor é claramente desinteressado não me faz confusão nenhuma, seja quem for o elemento mais velho da relação. Só não gosto de ver senhoras bonitas com a auto estima de rastos por namorados mais novos a quem sustentam, a quem aturam todas as faltas de respeito, e ainda muito agradecidas que eles não as troquem por uma versão mais jovem! Quando vejo situações dessas, a "bota de elástico" que há em mim entra em modo de reprovação automático. Mas lá está, não suporto ver uma mulher com pouco amor próprio em qualquer idade.

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  2. Helena
    Realmente o amor, como a morte, não escolhe idades. História bonita mas, triste.
    Beijo
    Maria

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  3. É verdade, o amor não escolhe idades!
    Os preconceitos só impedem as pessoas de serem verdadeiramente felizes.

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