segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quem com ferro mata...

Conheceram-se na Faculdade. Ela distinguia-se das colegas pela forma como se arranjava. Os últimos modelos, os cabelos e as mãos de quem frequenta regularmente o cabeleireiro. Marta parecia mais uma docente do que uma discente.
As más línguas diziam que tinha um amante, velho, que a sustentava. Verdade ou não, o certo é que ela deu o melhor aproveitamento a esse apoio, ao decidir fazer estudos superiores. Muitas teriam ficado pelo lado fácil de tal tipo de relações.
Quando encontrou Artur, o caso complicou-se, porque ambos se apaixonaram. Ele tornou-se o centro do seu universo, pese embora ela saber que o jovem tinha fama de mulherengo. Acabaram o curso e casaram. Diplomata de profissão passaram muitos anos no estrangeiro. Nasceram duas filhas. Durante algum tempo a sua fidelidade devia ter sido real.
Mas ele não era de índole fiel. Um dia prevaricou. E continuou. Achando, no fundo que, à semelhança do que nuitos outros homens faziam, ele podia manter duas vidas paralelas. Só que os tempos haviam mudado e com eles a cabeça das mulheres.
Marta sabia que se havia de vingar. Mas só quando ela achasse mais conveniente. A hora chegou através de um simples bilhete sem data nem assinatura no qual lhe dava conta de que partira levando consigo as filhas e o conteúdo da conta bancária. No fundo, acrescentava, deixava-o exactamente como o encontrara. Sem filhos e sem dinheiro.

Helena

1 comentário:

  1. Estas suas histórias "quase" reais são verdadeiras pérolas! Bem haja.

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