quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um grande amor


Não sei como nasceu este grande amor. Sei que foi através das palavras que o conheci. Só muito mais tarde lhe vi a cara numa foto de um velho jornal.
Não sei onde vive, se é casado ou solteiro, se tem ou não filhos. Sei o que vem na Wikipédia, o que é pouco e, possivelmente, falso. Mas nada disso interessa ou acrescenta alguma coisa ao que sinto por ele.
Um dia, há alguns anos, numa livraria, peguei num livro seu. Folheei-o porque o título me encantou. Página após página, fui sendo aliciada. Num repente, peguei-lhe, paguei-o e saí.
Cá fora levei-o junto ao peito, sentindo que o meu coração se agarrava aquelas letras. Caminhei devagar até ao carro, para apreciar melhor o seu pulsar.
Já sentada, peguei-lhe com cuidado. Olhei-o fixamente e comecei, de facto, a lê-lo. Muito devagar, mesmo muito. Primeiro em voz baixa, quase soletrando. Depois, depois num crescente de paixão, fui-o lendo com sonoridade aumentada, indiferente aos peões que passavam e estranhavam a minha figura.
Já passava das dez horas quando terminei a leitura. Era ele, o autor, o homem da minha vida, aquele que me dizia, por escrito, o que eu tanto sonhara que alguém, um dia, me dissesse de viva voz. Exactamente aquilo.
No dia seguinte, procurei outras obras suas. Que adquiri, com o mesmo encantamento. Nunca como até então alguém se infiltrara na minha vida daquele modo. Aquelas palavras circulavam agora no meu sangue, misturavam-se com as células da minha pele.
Eu encontrara, por fim, o mensageiro que havia de mudar por completo a minha existência!

Helena

1 comentário:

  1. Eu tive um grande amor, português, AD, que me pediu em casamento e eu por medo e por outras razões não aceitei.Mas fizemos um pacto de sangue para todas as reencarnações e assim neste dia nos casamos, acho que ele não me compreendeu, porque hoje não está comigo mas o sinto dentro de mim todos os dias e assim será para sempre.

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