segunda-feira, 16 de abril de 2012

Uma chávena de café...

Ele esperava-a no quarto do motel. Como todas as quintas feiras dos cinco últimos anos. Despira apenas o casaco e atirara-se para cima da cama.
Com efeito, talvez nem fosse preciso despir mais nada, porque ele já tinha o discurso todo preparado. Mal ela chegasse teria que lhe refrear os abraços e os beijos para conseguir espaço de diálogo. Bom, diálogo não, pensou. Ele apenas queria ter um monólogo... mas não ia ser fácil!
O tempo foi correndo, o discurso de Miguel foi-se aprimorando e os gins com que se foi animando iam-se acumulando e o nosso protagonista talvez por efeito da espera tranquila, talvez por efeito da bebida, deu-se conta de que haviam passado duas horas e de Marta ... nem sinal.
Um pouco confuso ligou para a recepção e pediu um café duplo. Minutos decorridos um discreto bater de porta. Enfim, pensou!
Ao abrir depara-se-lhe um empregado com uma bandeja na qual vinha uma chávena com o líquido fumegante e um envelope, que acabara de ser entregue.
Miguel pousou tudo na mesa e abriu o sobrescrito. Duas linhas apenas continha o cartão. "Foi bom quase sempre. Deixou de o ser há um ano. Caso dentro de um mês".
O café esperava por ele. O discurso que havia preparado, também. Afinal eram mesmo as únicas coisas que tinha à espera... além da mulher e dos dois filhos lá em casa!

Helena

3 comentários:

  1. Helena:
    Gostei da história. Muito bem urdida, como sempre.
    Parabéns e um beijinho
    Maria

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  2. Ele estava convencido que iria ser muito difícil para ela, um desgosto... Afinal não sabia nada dela...
    Ela mantinha o relacionamento apesar de já não ser bom há um ano mas entretanto já tinha tratado de arranjar substituto.
    Uma relação baseada apenas no sexo, em que não há comunicação, preocupação com os sentimentos do outro, é uma relação tão incompleta, desprovida de tanta coisa.
    Ter uma verdadeira relação completa (sexo, carinho, cumplicidade, companheirismo, etc) com a pessoa que se ama uma dádiva que não tem comparação mas que muitos não sabem dar valor.

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  3. Será que os teria para sempre?
    Falo da mulher e dos 2 filhos lá em casa...como estaria por dentro?
    O que lhe iria num interior onde foi bom quase sempre...e onde já não era há uma ano...

    Obrigado por este momento...

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