domingo, 11 de dezembro de 2011

Às vezes, a quatro!


Adélia tivera sempre dois homens. Um conhecido e fixo, o marido de toda a vida. O outro, variável, ao sabor dos estados de alma, jamais apresentado e cuja existência era apenas conhecida dos mais próximos.
Adélia era feliz nesta periclitante situação, com a qual lidava sem qualquer problema moral. Para ela tudo se resumia numa questão de diversidade amorosa e ria-se sempre daqueles que a censuravam, mas no fundo só desejavam ter a coragem de fazer o mesmo.
A sua única reserva era não se envolver com colegas de trabalho e ser para André, seu marido, uma fonte a alegria e bem estar, que embora fosse carregada no exterior, era com ele que ela a partilhava.
André era também um homem feliz. Por várias vezes se questionara se a vida que proporcionava a Adélia não seria pouca coisa em relação aquilo que ela poderia desejar. Mas vi-a sempre tão satisfeita, tão atenciosa, tão ligada a ele, que só podia ser amor aquilo que os unia. Se ele nunca a enganara, porque não faria ela o mesmo? E o assunto deixou de o preocupar...
Até que surgiu Matilde na vida dele. Era uma cópia de Adélia, mas com menos quinze anos em cima. E mostrava que gostava dele, sem qualquer rebuço.
Uma tarde que ficaram a trabalhar até mais tarde, Matilde avançou. André ainda tentou um atrapalhado:
- mas eu sou casado e feliz.
- eu sei, mas não estou a querer casar contigo. Quero apenas fazer-te mais feliz.
E fez. Na realidade a vida de André deu uma volta. Agora sim, ele sentia que era finalmente para Adélia o marido que ela merecia, mais alegre, mais solto, mais descontraído e, sobretudo, mais apto.
Adélia perguntava a si própria o que teria levado André a tamanha transformação. Não fora ele um homem tão sério e ela diria que havia outra mulher. Mas com André tal não era possível.
O que é certo é que o seu novo homem a esgotava. Tanto e tão bem que, agora, era ela que não tinha tempo nem vontade de procurar satisfação noutros braços.
Numa tarde André disse-lhe que gostava de convidar para jantar a sua nova colega e o marido. Adélia não se fez rogada e na data aprazada lá se encontraram todos.
Adélia ia sucumbindo. Só podia ser castigo. O marido de Matilde era, justamente, o seu último amante!
Recomposta, foi uma dona de casa perfeita. Que percebeu, finalmente, a boa disposição do seu marido. Afinal era a felicidade de ambos que estava em causa e tinha um segredo comum... que iria continuar a sê-lo.

Helena

9 comentários:

  1. Helena,


    Ora bem!

    Se fosse uma tourada, até apetecia mandar tocar a música que isto, sim, é festa rija!


    (... Mas estes seus amigos de hoje até me fazem lembrar aqueles cavaleiros que, entusiasmados com a festa, arriscam demais, que me deixam numa aflição sempre com medo que o cavalo acabe colhido pelo touro, que aquilo ainda acabe em tragédia... Mas, quando corre tudo bem, é cá uma alegria na arena....!)

    Grande Helena, parabéns pela imaginação e humor.

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  2. Helena, será por isso que ando (não estou) desempregado e que a minha consorte não estando anda tão feliz e prazenteira. Perigoso mundo este dos locais de trabalho! E ainda há quem ache que o trabalho não dá felicidade?

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  3. Meu caro Pedro
    Com um comentário destes vão chover ofertas de "aproveitamento" desse seu desemprego.
    Mas digo-lhe, sábia que sou, que há por vezes períodos de desemprego na vida afectiva de todos nós. Que podem ser de grande utilidade e... reflexão!

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  4. Ménage à quatre. Se ficam todos felizes, porque não? Eu não sentia mas, cada um sabe de si.
    Sempre fui mulher de um homem só e, meias, só para as pernas.
    Achei a história interessante e, muito possível nestes tempos.
    Diverti-me.
    Beijo
    Maria

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  5. Muito bom e bem mais comum do que aparentemente se possa pensar!

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  6. Helenamiga

    Kunxedênxias. Mas, não habia nexexidade. Ass: Remédios

    Qjs

    E quando será que vais à nossa Travessa? E botas lá comentário? Desespero, cantava a Amália que também versejara...

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  7. Ironia do destino. Se são todos felizes...
    Está engraçada a história.
    Apesar de eu também ser homem de uma mulher só.

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  8. Macho sensível, meu caro
    Mantenha-se assim. Com uma só mulher!
    Embora os que conheci com várias mulheres começaram todos por ter só uma....

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